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Instinto Materno




Por Gabriel Fabri

Na primeira cena de Instinto Materno (Child's Pose), longa romeno vencedor do prêmio de Melhor Filme no Festival de Berlim em 2013, Cornelia lamenta o comportamento de seu filho Barbu em relação a ela. Após meses sem se verem, eles brigam (de novo) e o garoto de 34 anos a mandou para aquele lugar. Ela culpa a esposa dele pelo distanciamento familiar, mas o público percebe de antemão, diante da personalidade forte da mulher, que o problema dessa relação é muito mais complexo do que ela supõe.

Embora Barbu (Bogdan Dumitrache) evite todo e qualquer contato com sua mãe, ele não conseguirá mais se desfazer de sua presença após atropelar acidentalmente um menino de origem humilde. Cornelia, na interpretação magistral de Luminita Gheorghiu, fará o que estiver a seu alcance para não ver seu filho ser preso e, se possível, retomar os laços afetivos com o homem.

A direção de Peter Calin Netzer aponta para um inquietamento e reflete a ansiedade da protagonista. São muito frequentes os movimentos de câmera, em especial o zoom para trás. A atmosfera criada, junto com a fotografia fria e a ausência de trilha sonora, mostra um vazio da personagem principal, cuja única coisa que dá valor na vida é seu filho, mas não consegue segurá-lo. E tem pressa, pois envelhece, e ainda está diante da possibilidade de ver Barbu atrás das grades.

Embora exista no plano de fundo uma discussão ética, envolvendo a responsabilidade pelo acidente, é no conflito da mãe com o seu filho que o filme se debruça. Mais especificamente, sob a influência da personalidade forte de Cornelia nessa relação. A personagem quer fazer tudo pelo seu filho, como supostamente a maioria das mães. Entretanto, o longa coloca isso em xeque na construção da protagonista: ela faz tudo pelo filho ou por si mesmo? Assim, é discutido o quanto uma mãe deve, pode ou precisa influenciar na vida de seu proveniente. E, curiosamente, o longa desemboca em um retrato onde a responsabilidade de um se confunde com a do outro: Cornelia está disposta a fazer o certo, mesmo que seja dolorido, e o errado, mesmo que não seja necessário, para livrar a barra do filho, enquanto esse adota uma postura passiva diante da situação. 

Instinto Materno já vale só pela excelente interpretação de Luminita Gheorghiu, que se fortalece com a boa construção de sua personagem. O filme vai além, porém, e pode deixar o espectador um pouco desconcertado ao discutir relações familiares de uma maneira fria, mas que dá o tom certo para a obra.


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